Eu e Abu, o som que une mundos
Abrindo espaço para o novo, falarei em forma poética de minha aproximação musical com o multiartista André Abujamra, uma grande figura da cena musical atual e que representa parte da vanguarda sonora desta terra descoberta, primeiro, pelos índios que aqui habitavam.
Eis, na dosagem certa, as palavras que navegam neste papel e que ecoam como uma canção, como a nossa canção que diz que “tem luz na caldas da flecha”, flecha que é a haste da energia de Oxóssi. Vejamos, então, “Eu e Abu”.
Eu e Abu
O som no meio do caminho
Uma acorde, uma amizade e um verso
O som unindo mundos, corações e mentes
Presença na minha caixa com 130 canções inéditas
E eu presente no seu disco Mafaro
E eu presente no show do Karnak, em Sampa, neste ano de 2011 de muitas alegrias
Eu e Abu
O mundo ecoando o nosso som
Um som de agora e que é ancestral
Vindo da mãe África
Na flecha de Oxóossi que nos guia por matas e concretos
E essa mãe África
Mãe de todos nós e que nos oferta o seu axé
Aqui na Bahia da magia
E na paulicéia desvairada que simboliza o grande Brasil
Eu e Abu
Encontro que o som projetou
Num sol que celebra
A luz e o acorde das nossas mensagens musicais
Como se tudo já estivesse planejado
E realmente está
Pois as palavras deste texto não foram planejadas
Elas saem de minha cabeça em ebulição
De onde saiu a Axé Music
Lá no Trio Tapajós e em seguida no voo solo do disco Magia
Obra que Abu tanto curtia
E ainda curte
Pois tocamos Fricote com o Karnak
E fricoteamos a inventividade dos mundos misturados
Mundos irmanados da Bahia e de Sampa
E lá no caminho
Antes da pedra de um poema de Carlos Drmmond de Andrade
Havia a amizade que a Internet ordenou
Cujos frutos colhemos para sempre
Pois os frutos são as obras prontas
Sementes do artista e do amanhã
Filhos que habitam a cultura
Nas rádios e nas bocas das pessoas
No verso-reverso-nexo-e-antinexo
E eu e Abu seguimos
Como quem trilha no mundo da irmandade
Como outras irmandades que existem
E nunca serão quebradas ou esquecidas
Pois o que é inquebrável é o amor
É o respeito
É a bondade
É a verdadeira amizade
E é o som que tanto nutre os nossos viveres.
Luiz Caldas e César Rasec