Luiz Caldas, Gonzagão, Osmar e o genial Genival

05/08/2012 16:20

 

Os desafios da vida são imensos e uma pessoa que me alertou para estes desafios, para as dificuldades e para os perigos do mundo da música, da fama, do show business, foi Seu Luiz Gonzaga, o eterno Rei do Baião, com quem tive o prazer de dividir palcos e cantar em disco.

Neste ano do seu centenário, lembro como se fosse hoje alguns toques que seu Luiz Gonzaga me deu.

Estávamos sempre pertos em shows ou nos hotéis deste imenso Brasil.

Sobre composição, dizia o mestre: “não escreva só alegria, não. Escreva também sobre a realidade que você vivencia”.

Assim fiz e uma dessas perolas do meu rico repertório, que é “Atual Realidade”.

Afirmo na letra: “devastar floresta e fazer queimada é burrice e não tá com nada, ver uma criança ser maltratada é burrice e não tá com nada”.

Sobre grana, falava o que Seu Osmar, pai de Armandinho, repetia: “se ganhar cem, gaste dez e guarde noventa, pois tudo passa e o futuro deve ser garantido”.

Em resumo, asseguro que sempre ouvi os conselhos de Seu Luiz Gonzaga.

Já no que se refere à música, o meu pai e minha mãe sempre escutaram, em casa, os baiões, os xotes e os forrós de Seu Luiz Gonzada. Daí a admiração nascer em berço.

Nos bailes da vida, cantei muitos dos seus sucessos. Era a hotra de dançar coladinho e na levada do xote.

Eu era jovem, muito jovem, e nunca imaginaria que um dia iria ter o prazer de ser seu amigo e ter a honra de cantar no mesmo palco, junto e em total sintonia.

Sobre o lance de cantar e compor forrós, digo que faço isto porque encarno o espírito dos autênticos forrozeiros, dentre estes cito também o mestre Genival Lacerda, outro amigo de longas datas.

Conheci o irrequieto e genial Genival Lacerda em shows em Campina Grande e outros lugares deste país maravilhoso.

Nos programas do Velho Guerreiro Chacrinha, sempre que tinha uma chance ficava ao seu lado papeando sobre tudo. O riso, nestes instantes de pura alegria, era a lei imperativa.

Assim acontecia nos outros programas televisivos, como o Clube do Bolinha, Silvio Santos, Globo de Ouro e Raul Gil.

O Brasil era outro, com respeito e admiração entre gerações que se encontravam para tornar o país um pouco melhor.

Hoje, sei não! As coisas não andam no trilho do trem, como deveria, mesmo vivendo a plena democracia.

Falta educação de qualidade nas escolas públicas e dentro dos lares. As leis não punem os bandidos de colarinho branco e tudo tende a piorar, infelizmente.

O retrocesso é total.

A censura aponta na linha do horizonte e o povo perdido não sabe o que fazer.

Só a arte salva, penso, pois o futuro incerto é como uma flecha em movimento sem rumo definido. O caminho da arte é a liberdade e não a censura, seja qual seja a sua máscara.

Obrigado Seu Luiz, Genival Lacerda e Seu Osmar por ensinarem tantas coisas bonitas e verdadeiras.

 

Luiz Caldas e César Rasec

 

 

 

 

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